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Foto do escritorPriscilla Nogueira Castro

Autismo e Transtorno Obsessivo Compulsivo: os rituais mentais

Olá, você que está aqui! Garota, adolescente, jovem, adulta. Gostaria de compartilhar com você o que o TOC é em mim e o que já consegui definir como sintomas do TOC em rituais mentais. Direto de uma mulher autista, vem aí mais uma etapa... sinta-se à vontade pra também dividir comigo suas experiências! Boa leitura, guerreira!



 

Transtorno Obsessivo Compulsivo: com rituais mentais


Sei que aqui você vai me dizer que o TOC prevê apenas rituais exteriorizados ao indivíduo, daqueles que é possível com que as outras pessoas o vejam. Quando falamos de TOC, a maior parte logo associa àquele indivíduo com manias de limpeza, rituais de organização de objetos de forma enfileirada, padronizada, linear, rotinas de higiene pessoal, rotinas alimentares diferenciadas/padronizadas, etc.


Mas, aqui quero eu ressaltar outro tipo de TOC: aquele com rotinas "invisíveis". O TOC mental pode acometer qualquer pessoa e não é exclusivo ao Autista, mas porém...

No Autista leve com TOC mais mental pode sofrer duplamente com a situação, pois Conseguir o diagnóstico para TOC mental é super mais complicado que o diagnóstico em TOC com rituais visíveis, pois:

  • TOC e comparação com indivíduos neurotípicos: no TOC "invisível" as pessoas não fazem comparação com os indivíduos neurotípicos. Se o TOC é "invisível" fica difícil compará-lo com os comportamentos de outras pessoas e portanto saber que algo não vai tão bem.

  • sintomas próximos aos sintomas autísticos: os rituais mentais podem ser confundidos como um reflexo das inabilidades sociais presentes nos autistas, a famosa "fala internalizada".

  • portador não sabe que é um ritual atípico: na maior parte das vezes, o portador de TOC "invisível" não se sente mal ao realizar os rituais mentais, sente alívio da pressão e ansiedade que o transtorno o traz, dessa forma, continua por fazer os rituais reforçando-os.

O que é o TOC "invisível"?


É aquele TOC em que eu tenho rituais mentais e não físicos, ou tenho poucos rituais físicos, mas em sua maioria os mentais o superam.


Então como seria? Ao invés de eu suprir minha alta em adrenalina ou de outros hormônios/substâncias neuroestimulantes que nós portadores liberamos em excesso, eu (Priscilla) utilizo de rituais mentais para reduzí-los ou promover maior alívio. Em meu caso tenho a mania de recitar partes do que escrevi em algum lugar para estudar ou de recitar parte do que li em algum livro e eu chamava isso de "exercitar minha memória". Essa atividade me levou a um quadro chamado de Bibliomania e também À compulsão por ler livros e estudar qualquer coisa que seja. Já cheguei a deixar de fazer compras alimentícias pra comprar livros.


Além disso, a partir de 2016 minha Aritmomania foi agravada, que foi a obsessão em decorar números e recitá-los depois, questão que eu já tinha desde a infância quando ficava decorando placas de automóveis, números de casas, números de telefones na tentativa de encontrar padrões numerais nesses. Esse agravamento de meu ritual mental a partir de 2016 foi em razão dos picos máximos que cheguei a adquirir em minha ansiedade, características que já citei em meus artigos anteriores aqui no site (depois volte lá pra visitá-los!)

Só que isso sempre me deu um prazer tão imenso, me acalmava nos piores momentos de meu quadro de ansiedade, funcionava como um ansiolítico mental. Desta forma, sempre estou imersa em livros ou estudando algo apenas para ter um trecho pra recitar em minha mente quando a ansiedade exacerbar por demais. Informo que essa atividade sempre superou os efeitos benéficos de quaisquer remédios que faço ou fiz uso.

Na transição de um ritual pra outro, inicio crises de pânico com facilidade, além de crises de ansiedade sempre altas e acabo tendo que recorrer ao pedido de aumento de minha medicação. Isso, até que eu ache outro ritual mental para utilizar, que esteja mais adequado ao meu cenário no momento.

Segundo a Dra. Ana Beatriz Barbosa, pessoas que estão imersas em ambientes religiosos e que tenham desenvolvido o transtorno em sua forma "invisível", podem criar rituais de oração, conversas com "deus" (a depender de sua crença), além de rituais de conversas internas e mentais consigo mesmo, que podem derivar da atividade neuronal de "conversas com deus/orações", mas que fique claro, que tais rituais sempre estão acompanhados da tentativa compulsiva de alívio emocional, funcionando como um gatilho mental.


Os atos mentais podem ser aqueles de recitar caminhos ideológicos, mentalizar padrões de imagens, mentalizar ações/comportamentos, devanear, dentre outros comportamentos imagéticos utilizados de forma obsessiva para alívio de um quadro neuronal de exaustão.

Além disso, temos que se o ritual não é cumprido da forma como o portador julga como adequada, o indivíduo tem pressentimento de que coisas ominosas/ruins irão acontecer, que não haverá linearidade em sua vida somente oscilações, em que não conseguirá suportar. Importante dizer que o portador de TOC realiza os rituais na expectativa de que "sua vida melhore" a partir daí, a sensação é essa, simplesmente!


Estou em constantes crises de estafa mental e física, que além dos sintomas do autismo também se devem por essa tipologia de TOC!



 

Se chegastes até aqui, é porque és uma guerreira! Obrigada por sua leitura...

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